quarta-feira, 25 de abril de 2012

Lidia & Ernesto 3

Ernesto está sentado no sofá a combinar uma saída com os amigos quando Lídia entra na sala. Automaticamente ele sente-se constrangido e começa a falar mais baixo. Lídia aproxima-se e começa a endireitar as almofadas do sofá e a sacudir algumas migalhas.

Ernesto sente-se vigiado e levanta-se continuando sempre ao telemóvel.

Lídia pensa: “Queres ver que o gajo topou que eu estava a tentar ouvir? Foda-se!”. De forma para disfarçar, começa a circular pela sala toda, arrumando o que não precisa de ser arrumado.

Ernesto continua a conversa: “Sim, pois, hum hum, tá bem, ok... Pá, ó Chico, isso já se sabe né?”.


Lidia fica tão fodida que quase lhe salta uma alça do soutien. “O Chico! Aquele cabrão desencaminhador de amigos. Tá tudo fodido!”.


Quando Ernesto termina o telefonema, passa por Lídia, dá-lhe um beijo na testa e sai da sala. Lídia fica especada no meio da divisão, estupefacta com a reacção de Ernesto. Sai da sala de imediato e vai ter com ele.

Ernesto está a cagar. Ela chega à porta da casa de banho, bate e diz: “Ernesto, o Chico está bom?” Enquanto pensa para si: “Quero que o Chico se foda, punheteiro do caralho, mas tenho de fingir para ele me responder!”.

Ernesto não responde.
Lídia insiste: “ERNESTO! Tás a ouvir?”

Ele responde: “Lídia, podemos falar quando eu sair da casa de banho?”.

Lídia morde os lábios e crava as unhacas nas palmas das mãos e responde: “Pronto, tá bem!”.
Senta-se na sala a fazer batuque com os saltos dos sapatos. Ernesto entretanto aparece à porta e pergunta: “Atão môr? Estavas a dizer o quê?”.
Lídia levanta-se de tal forma rápido que as folhas que estavam pousadas no sofá foram todas parar ao meio do chão e diz-lhe: “Pá, estava a perguntar se o Chico estava bom. Ele tb vai sair com os teus colegas?”.

Ernesto responde: “Sim... eu disse-lhe para ir, mas ... porquê?”.

Lídia começa a ficar roxa e responde: “Oh por nada! Mas eles dão-se bem com ele? Ele é um bocado xunga comparado com os teus outros amigos...”.

Ernesto pensa: “Foda-se... isto é coisa que se diga? O Chico é tão porreiro!”
Lídia começa a ficar inquieta e a pousar alguns objectos com força demonstrando irritação.

Ernesto diz-lhe: “Lídia, ele é um gajo mesmo fixe e sabes que ele não faz nada por mal. Vê lá tu que até quer ia levar a Adélia, eu é que lhe disse que o pessoal não ía acompanhado...”.

Pronto. Tudo fodido! Lídia começa a olhar em sua volta e as paredes que estão pintadas de amarelo casca de ovo afiguram-se-lhe vermelho sangue. Tudo para onde ela olha, é vermelho. Basicamente ela está a ver vermelho DE ÓDIO e vocifera: “Ernesto, tu estás-me a dizer que aquele bimbo do caralho, aquele saloio endomingado, aquela MERDA que nem nome tem, queria levar a vacarrona da pindérica da namorada e tu nem por segundos te passou pela cabeça fazeres o mesmo? E NÃO PODEM LEVAR PORQUÊ??? Vão às putas? Vão fazer concursos de punhetas? Vão-se todos enrabar????”.

Ernesto responde: “Oh Lídia, acalma-te lá. Vá, já falamos, vou-te buscar um copo de água...”.

Lídia grita desalmadamente: “METE O COPO DE ÁGUA NO CUUUU E RESPONDE-ME!”.

Enquanto abre a torneira, Ernesto
pensa: "Foda-se..."